A realização de exames de diagnóstico por imagem com o uso de contraste radiológico é muito comum, mas ainda é motivo de muitas dúvidas, em especial para quem não tem muito contato com a área da saúde.
Os constantes avanços na medicina possibilitaram a prática da radiologia de diagnóstico clínico. Esses avanços, além de englobarem diagnósticos, equipamentos e técnicas de investigação, também incluem meios de contraste, os quais possibilitam a visualização detalhada da estrutura interna e de órgãos. Isso se dá de maneira que não seria possível demonstrar de outro modo.
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Devido aos progressos contínuos, atualmente, há uma diversidade de contrastes utilizados nos exames de imagem. Além disso, cada tipo tem indicações e finalidades específicas, bem como riscos particulares associados.
Para alguns tipos de exames de imagem, o contraste é fundamental para que se possa ter uma melhor visualização e apresentar um diagnóstico de maior qualidade e mais precisão. Apesar dos consideráveis avanços, os produtos de contraste utilizados ainda apresentam algumas reações adversas.
Continue lendo esse conteúdo se você tem dúvidas quanto a administração de contraste, sua função, recomendações e possíveis reações adversas.
O que é o contraste em exames?
Os meios de contraste são substâncias fármaco-químicas que ajudam aumentar a densidade de órgãos e estruturas corporais que são semelhantes entre si, resultando em imagens de alta definição. Isso torna as imagens mais claras e ajuda a descobrir problemas de saúde com mais certeza.
Suas vias de administração podem ser orais, parenterais, endocavitárias e intracavitárias.
Os meios de contraste podem ser utilizados em diversos exames e finalidades no diagnóstico por imagem, como no caso dos:
- Raios-X
- Tomografia Computadorizada
- Radiologia Intervencionista (hemodinâmica),
- Ressonância Magnética e entre outros.
Nos exames de diagnóstico por imagem podem ser utilizados meios de contraste naturais, como é o caso do ar, artificiais/químicos – à base de sulfato de bário e iodo e paramagnético.
Dentre os contrastes mais utilizados nos serviços de radiologia, podemos destacar:
- IODO: iônico – alta osmolaridade em relação ao sangue, menos utilizado por causar efeitos colaterais importantes. Não iônico – baixa osmolaridade em relação ao sangue, mais utilizado por não causar tantos efeitos colaterais. Administrado para exames de tomografia computadorizada;
- SULFATO DE BÁRIO: Administrado via oral. Indicado para visualização do trato gastrointestinal em tomografia computadorizada;
- GADOLÍNIO: Exclusivamente administrado por via endovenosa. Mais seguro em relação aos outros meios de contraste por raramente causar efeitos adversos.
Os meios de contraste devem satisfazer algumas condições que justifiquem o seu amplo uso na prática clínica, sendo:
- Baixa toxicidade;
- Fácil administração sem modificação da estrutura química;
- Fácil excreção;
- Contraste adequado das estruturas;
No decorrer desse artigo, iremos destacar o uso desses contrastes na prática clínica e os possíveis efeitos adversos que podem acontecer com a administração deles. Não deixe de ler!
Importância do contraste em exames na radiologia
As imagens radiográficas são formadas considerando a densidade do orgão capturado.
Isso resulta em ossos que são mais densos, aparecendo mais evidentes (mais brancos), enquanto órgãos menos densos (como os pulmões) absorvem menos radiação, aparecendo mais escuros nas imagens.
Quando se deseja observar algo específico, sem a aplicação de contraste, não é possível realizar uma avaliação diagnóstica precisa, e isso pode prejudicar todo o acompanhamento do paciente.
Exemplos de exames com uso de contraste
Os profissionais empregam meios de contraste para avaliar os tratos digestivos alto e baixo, o sistema urinário, o sistema biliar, o sistema cardíaco, além de investigar vasos sanguíneos e articulações.
Apesar dos diversos benefícios proporcionados, a opção pela radiografia contrastada deve ser prescrita por um médico somente quando ele julgar ser necessário.
Vamos listar os principais exames com contraste realizados no dia a dia no centro de diagnóstico por imagem:
– Tomografia Computadorizada
Exame solicitado para detectar lesões no cérebro, pulmões, fígado, vesículas, pâncreas, ossos ou parede abdominal. O contraste utilizado na tomografia é base de iodo via oral.
Entenda como é feita e para que serve a tomografia computadorizada.
– Ressonância Magnética:
O meio de contraste utilizado nos exames de ressonância magnética é o gadolínio. A indicação do exame com o uso de contraste é para detecção de lesões cerebrais, na coluna, articulações e partes moles do corpo.
Muito comum na prática clínica do serviço de imagem é a realização de ressonância magnética do crânio com contraste.
Saiba como funciona o exame de ressonância magnética.
– Urografia:
Avalia-se a função renal e as vias coletoras ao administrar o contraste iodado por via endovenosa, seguido da captura das imagens por raio X.
– Estudo do trato digestivo alto e baixo (seriografia do esôfago, estômago e duodeno, trânsito de delgado e o clister opaco):
O paciente ingere contraste baritado (sulfato de bário), possibilitando a observação e análise do lúmen (cavidade) desses órgãos, portanto, facilitando a identificação de lesões, e principalmente de mucosas intestinais.
– Angiografia (cerebral, cardíaca, pulmonar e ocular) :
Estudo do interior de veias e artérias. Administra-se iodo por via endovenosa para contrastar as estruturas e detectar aneurismas, AVC, arteriosclerose e outras patologias nas imagens de raio X.
Desvendando a radiologia intervencionista: conheça mais sobre a angiografia!
– Histerossalpingografia:
Avaliação de útero e trompas do sistema reprodutor feminino na busca de causas de infertilidade por exemplo, envolvendo a administração de contraste iodado e posteriormente aquisição das imagens contrastadas no raio X.
Quais os efeitos colaterais da utilização do contraste em exames?
As reações adversas ao meio de contraste podem ser tóxicas, ou seja, ocorrendo como resposta à ação direta do contraste, independentemente da dose administrada e da via de administração.
É claro que existem pessoas mais propícias ao risco de reações adversas, sendo elas:
– Alérgicos;
– Cardiopatas;
– Diabéticos;
– Gestantes;
– Insuficiência renal;
– Imunossuprimidos;
Em razão das reações, existe a necessidade de realizar uma anamnese cuidadosa com o paciente através do questionário clínico pré-exame, o que já deixa em alerta a equipe multiprofissional sobre possível reação.
Portanto, é de grande importância a presença de uma equipe de enfermagem, sendo esta fundamental durante a realização dos exames radiológicos, na administração dos meios de contraste e na prevenção e no tratamento de possíveis complicações.
Efeitos colaterais do contraste de gadolínio:
Normalmente, não apresentam efeitos colaterais importantes, podendo resultar apenas em reações adversas leves como vermelhidão e coceira e, raramente em casos mais graves pode acontecer edema de glote e parada cardiorrespiratória.
Efeitos colaterais do contraste a base de iodo:
Pode causar reações leves, como aumento da temperatura corporal, taquicardia, vontade de urinar excessivamente, náuseas, vômitos, cefaleia e diarreia, gosto metálico na boca e sudorese.
A reação adversa mais comum de acontecer entre as citadas acima, é diarreia.
Mais raramente, as reações à substância podem incluir edema de glote, parada cardiorrespiratória e choque anafilático. Em asmaticos, podem ser desencadeadas crises de falta de ar.
Efeitos colaterais do contraste sulfato de bário:
Os contrastes à base de bário, em geral, têm como aspecto negativo o gosto desagradável da ingestão via oral.
Após a administração, é comum causar náuseas, vômitos, diarreia e cólica abdominal. No entanto, raramente é evidenciado peritonite, edema de glote, urticária e reação anafilática.
Como evitá-los?
Na realização de determinados exames, é necessário o conhecimento de biossegurança, que consiste em um conjunto de ações com o objetivo de prevenir, diminuir ou eliminar os riscos a que o profissional e o paciente possam estar expostos.
Por isso, algumas precauções devem ser seguidas para evitar maiores complicações aos pacientes:
- Conhecer os dados clínicos básicos do paciente antes da injeção e realização do exame, por meio do preenchimento do questionário clínico.
- Deixar preparado equipamentos e medicamentos necessários para um uso de imediato, no caso de emergência;
- Reconhecer os tipos de reações causados pelo contraste de modo a realizar o tratamento adequado e ágil;
- Manter o acesso venoso permeável após a injeção do meio de contraste durante o exame, visto que, as reações fatais ocorrem dentro de 15 minutos após injeção do meio de contraste;
- Verificar rotineiramente os equipamentos e medicamentos, assegurando validade, conservação e manutenção;
- Reconhecer quando as condições do paciente estão piorando;
- Somente injetar o meio de contraste com o pedido de um médico e a sua presença na instituição de saúde para que possa auxiliar a equipe e o paciente em caso de qualquer intercorrência causada pelos efeitos colaterais;
- Orientar a ida ao pronto atendimento caso apresente qualquer efeito colateral exacerbado ou incapacitante;
Além disso, orientar o paciente que após a realização do exame contrastado faça a ingestão de água para que o organismo possa eliminar mais rapidamente o contraste do organismo, evitando assim, possíveis efeitos adversos já mencionados acima.
Conclusão
Sendo assim, concluímos que os meios de contraste são muito úteis na rotina de diagnóstico por imagem e o quanto auxiliam no diagnóstico clínico de patologias.
No entanto, saber sobre sua composição e interação com o corpo humano é fundamental para se ter noção da sua utilidade, que deve ser usado com cautela e apenas nas situações que se fizer realmente necessário e solicitado pelo médico.
Os efeitos colaterais dos meios de contraste utilizados na prática clínica e hospitalar de um centro de diagnóstico por imagem em geral são parecidos entre si, sendo os mais relatados náuseas, vômitos e cefaleia.
Por isso, é de extrema importância que a equipe de enfermagem e técnicos de radiologia, antes da administração, tenham previamente o questionário clínico preenchido pelo paciente, evitando assim, possíveis reações alérgicas e potencialização dos efeitos colaterais causados pelos meios de contraste.
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