Com o passar do tempo a telemedicina foi se aprimorando e utilizando tecnologias cada vez mais modernas, sendo que hoje em dia a prática pode até aplicar a inteligência artificial para cruzar dados e chegar a conclusões cada vez mais precisas para os médicos e pacientes.
O que é a telemedicina?
A telemedicina é toda prática médica realizada de maneira remota, independentemente do equipamento utilizado para isso. No Brasil a modalidade passou a ser realizada na década de 1990, quando começaram a ser disponibilizados eletrocardiogramas a distância e o Instituto do Coração (Incor) passou a realizar diagnósticos de exames enviados de outras localidades por fax. Já nas universidades, a primeira disciplina voltada para o estudo da telemedicina foi criada em 1997 na Universidade de São Paulo (USP).
No Brasil, as principais universidades já apresentam núcleos que estudam e ensinam especificamente a prática da telemedicina, sendo que já existem 100 unidades da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), que estão sob responsabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Ainda contamos com centros de pesquisa e hospitais referência, como é o caso do Hospital Israelita Albert Einstein, que já apresenta programas utilizando a inteligência artificial para a realização de diagnósticos automáticos com envio de resultados para os médicos, além do envio de sinais vitais diretamente para o prontuário dos pacientes. O avanço por meio da inteligência artificial torna possível o foco da equipe médica no atendimento humanizado ao paciente, enquanto tarefas operacionais são otimizadas.
Qual é a diferença entre telemedicina e telessaúde?
Uma dúvida frequente é a diferença entre telemedicina e telessaúde, termos que muitas vezes são até mesmo utilizadas como sinônimos, porém:
- A telessaúde é um termo mais abrangente e integra diferentes subáreas. Ela está relacionada à utilização de tecnologia para transmitir informações com o intuito de promover a saúde como um campo mais amplo, não somente à prática médica. Dessa forma, a telemedicina é um dos braços da telessaúde junto com a teleducação em saúde, tele-epidemiologia, redes de administração e gestão em saúde.
- A telemedicina é mais direcionada para prática médica e a troca de informações entre profissionais da área, buscando melhorar o atendimento ao paciente, com maior velocidade e precisão nos diagnósticos realizados.
A atuação da telemedicina é bastante ampla, apresentando várias especialidades diferentes. Vamos entender quais são elas?
As especialidades da telemedicina
Teleassistência
Por meio da teleassistência ou telemonitoramento, o médico responsável pelo paciente consegue checar seus sinais vitais e demais informações relevantes para acompanhar o seu estado de saúde sem a necessidade de encontros presenciais muito frequentes. Essa modalidade, pode beneficiar, por exemplo, pacientes internados em hospitais que não possuem todos especialistas presencialmente em seu corpo clínico, ou mesmo doentes crônicos que precisam de monitoramento constante e podem ser atendidos em sua própria residência.
Para que o acompanhamento seja efetivo é preciso se certificar que os equipamentos utilizados para auferir os dados médicos do paciente estejam fazendo-o de forma correta. Portanto é necessário um acompanhamento presencial, mesmo que bem menos frequente, de um profissional de saúde para essa conferência.
Teleconsulta
A teleconsulta foi viabilizada no Brasil a partir do dia 20 de março de 2020, quando o Ministério da Saúde publicou, no Diário Oficial da União, a Portaria nº 467, liberando a teleorientação, o telemonitoramento e a teleconsulta. Essa decisão foi tomada para permitir que pacientes tivessem o acompanhamento necessário durante a pandemia, reduzindo a necessidade de deslocamento dessas pessoas.
A modalidade consiste na comunicação direta entre médico e paciente, em que são coletadas informações sobre o estado de saúde do enfermo e, dependendo da situação, podem ser passados diagnósticos e orientações de tratamento.
Telerradiologia
Essa especialidade possibilita a realização de laudos a distância por especialistas que estão em qualquer lugar do mundo, independentemente da localização em que o hospital ou a clínica emissora do exame está.
Vantagens da telemedicina
Há uma série de vantagens na utilização da telemedicina, e as principais são:
Monitoramento 2.0
Se um paciente já realizou consulta presencial e está em processo de acompanhamento com um médico, é bem menos custoso, para ambas as partes, que esse monitoramento aconteça de forma remota, quando possível. Assim, o médico consegue dar direcionamentos relacionados a exames e, se perceber que é necessário, marcar uma consulta presencial.
Análise de exames
É possível realizar uma análise em tempo real de um exame que está sendo feito em outro local, ou o exame pode ser enviado depois de pronto para um médico especialista, o que garante ao paciente uma maior precisão em seu diagnóstico.
Para pacientes crônicos, que precisam realizar parte do acompanhamento em uma cidade diferente da que vive, isso pode significar melhoria na qualidade de vida e uma maior eficiência dos diagnósticos. Inclusive é possível salvar vidas em situações de urgência.
Estudo de casos
Em casos complexos, especialistas podem, rapidamente, pedir uma segunda opinião por meio de plataformas de telemedicina. É possível compartilhar os dados necessários com outros especialistas de forma criptografada, mantendo o sigilo do paciente e tornando o diagnóstico mais preciso.
O que a legislação diz sobre a telemedicina?
A telemedicina começou na década de 90, mas a legislação nacional criada para regulamentá-la só surgiu nos anos 2000. Ao longo desse tempo as normas da American Telemedicine Association (ATA), que é a responsável pela regulamentação em todo o mundo, foram as únicas seguidas no país.
Para mudar essa realidade, em 2002, foi criado o Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, que hoje é conhecido como ABTms e está inserido no Conselho Federal de Medicina (CFM). Por meio do conselho foi criada a norma vigente do CFM que regulamenta a telemedicina desde 2002. Porém, sua descrição é um tanto genérica, o que abre brechas para arbitrariedades que afetam não só os pacientes como os médicos.
Em 2019 foi publicada uma nova regulamentação pelo CFM com o propósito de mitigar esse problema, contudo foi revogada em menos de um mês, visto que outras entidades alegaram não terem sido consultadas e até mesmo que a norma poderia afetar negativamente a relação entre paciente e médico.
E o SUS?
Pela extensão territorial do Brasil e os contrastes no desenvolvimento econômico e social entre suas diferentes regiões, há escassez de médicos especialistas em várias localidades. Com o intuito de minimizar essa lacuna, a partir dos anos 2000, o Ministério da Saúde começou a fazer investimentos mais expressivos na prática de telemedicina, sendo que em 2006 foi criada a Comissão Permanente de Telessaúde e o Comitê Executivo de Telessaúde.
Já em 2007 o Projeto Nacional de Telessaúde foi criado por meio da Portaria nº 35. Esse foi o início do que hoje é chamado de Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, tendo como focos de atuação: teleconsulta, telediagnóstico, teleducação e segunda opinião formativa.
No ano de 2020, o Ministério da Saúde buscou expandir serviços de telemedicina e telessaúde como uma forma de reduzir o risco de infecção pelo coronavírus. A iniciativa conta com atendimento pré-clínico online e plataforma para consultas virtuais abrangendo teleconsultas médicas, com enfermeiros e demais profissionais da saúde.
Ainda temos um longo caminho a percorrer, tanto dentro da iniciativa privada quanto pública, para utilizar a tecnologia de forma ampla no setor de saúde, expandindo o acesso a um atendimento médico de qualidade para uma parcela cada vez maior da população.
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