O Protocolo de Manchester, utilizado mundialmente na rotina hospitalar, é um método de classificação que permite a identificação de atendimento prioritário e a definição do tempo recomendado até a avaliação médica caso a caso. Neste artigo você conhecerá a importância dessa estratégia de classificação de risco na área da saúde, continue a leitura!
O que é Protocolo de Manchester?
Os primeiros momentos do paciente em um ambiente hospitalar são imprescindíveis para a garantia de um atendimento eficiente e com menos riscos de intercorrências e erros médicos.
Do mesmo modo, a maioria das unidades de saúde aplica o Protocolo de Manchester como método para triagem de pacientes assim que eles chegam às unidades de urgência e emergência.
Essa metodologia, aplicada mundialmente, permite organizar de forma rápida e eficiente os níveis de urgência no atendimento, com base na avaliação das condições gerais de saúde de cada indivíduo. Consequentemente, é possível salvar mais vidas pois, os pacientes de maior risco recebem atendimento mais rápido.
O objetivo do Protocolo de Manchester é avaliar o grau de urgência das queixas dos pacientes e priorizá-los para o atendimento
Quem é o responsável por executar o protocolo?
A Portaria Nº 2048, de 5 de novembro de 2002, do Ministério da Saúde, estabelece que o processo de triagem deve ser realizado por profissional de saúde de Enfermagem, de nível superior, após treinamento específico e uso de protocolos pré-estabelecidos.
O profissional de saúde encarregado e responsável pela triagem de classificação de risco, deve realizar uma avaliação sobre o quadro clínico em que o paciente se encontra para colocar nele uma pulseira com a cor correspondente à gravidade do caso, determinando os atendimentos prioritários.
Como o Protocolo de Manchester funciona na prática?
O Protocolo de Manchester consiste em uma triagem de classificação de risco de vida, na qual a gravidade dos casos é determinada por cores.
Desse modo, é necessário que o profissional de saúde, no caso o enfermeiro, siga alguns critérios de classificação, sendo:
- Apresentação usual da doença;
- Sinais de alerta: choque, palidez cutânea, febre alta, desmaio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor;
- Situação: queixa principal;
- Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais, saturação de O2, escala de dor, escala de Glasgow, doenças preexistentes, idade, dificuldade de comunicação;
Nesta etapa não se deve buscar um diagnóstico clínico, somente a identificação do risco daquele quadro.
Como implementar o Protocolo de Manchester?
Para implementar o Protocolo de Manchester nas unidades de saúde, é preciso seguir da seguinte forma:
- Usuário procura o serviço de urgência e emergência ou instituições básicas de saúde;
- É acolhido pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e encaminhado para confecção da ficha de atendimento;
- Em seguida, após a realização da ficha de atendimento, o paciente é encaminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido pela enfermagem que, utilizando informações da escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no protocolo e classifica o paciente de acordo com o seu grau de urgência;
É preciso salientar que a funcionalidade do sistema de triagem depende diretamente da capacitação das equipes. A simples implantação do modelo de Manchester em uma emergência de nada adiantará se os profissionais de saúde responsáveis não souberem determinar de maneira assertiva qual a gravidade do caso de cada paciente.
Logo abaixo veremos como é feita a classificação dos pacientes por meio de uma tabela de cores. Confira!
Classificações do Protocolo de Manchester
O protocolo de Manchester classifica os pacientes por meio de uma tabela de cores, em que cada cor representa o nível de gravidade dos sintomas. Confira a seguir:
VERMELHO: emergência
A pulseira vermelha é destinada aos pacientes que se encontram em estado gravíssimo e com risco iminente de morte, os quais necessitam de atendimento imediato.
Entre os quadros mais comuns nesses casos, podemos citar:
- Parada cardiorrespiratória;
- Infarto;
- Politrauma;
- Choque hipovolêmico;
- Queimadura em mais de 25% do corpo;
- Trauma cranioencefálico;
- Tentativa de suicídio;
LARANJA: muito urgente
Essa cor é para casos considerados muito urgentes e com risco significativo de morte. O tempo de espera aproximado é de até 10 minutos. Abrange casos, como:
- Arritmia cardíaca sem apresentação de sinais de instabilidade;
- Cefaleia intensa com rápida progressão;
- Dores severas;
- Trauma cranioencefálico sem perda de consciência;
- Perda de consciência;
- Dor abdominal severa;
AMARELO: urgente
Abrange os casos urgentes de gravidade moderada com necessidade de atendimento médico, entretanto, sem riscos imediatos.
O tempo médio de espera é de até 60 minutos e classifica casos, como:
- Desmaios;
- Dor moderada;
- Vômito intenso;
- Hemorragia moderada;
- Picos de hipertensão;
- Alteração dos sinais vitais, entre outros quadros clínicos.
VERDE: pouco urgente
A pulseira de cor verde é para casos considerados menos graves. O tempo de espera pode ser de até 2 horas e abrange pacientes com sinais e sintomas como:
- Dores leves;
- Enxaqueca;
- Estado febril sem a presença de alterações vitais;
- Resfriados e viroses;
- Náuseas e tonturas;
- Hemorragia controlada;
AZUL: não urgente
Para finalizar a classificação de cores do protocolo de Manchester, a cor azul representa a classificação mais simples para casos em que o paciente pode aguardar atendimento ou ser encaminhado para outra unidade de saúde.
O tempo de espera pode ser de até 4 horas e envolve pacientes com:
- Queixas de dores crônicas;
- Aplicação de medicação com receita;
- Troca de sondas, entre outros;
Quais os equipamentos necessários para a adoção do Protocolo de Manchester?
Para que a triagem seja feita conforme o Protocolo de Manchester, a fim de avaliar o estado geral do paciente, é necessário que alguns materiais hospitalares e equipamentos estejam disponíveis. São eles os seguintes:
- Estetoscópio;
- Termômetro;
- Esfigmomanômetro;
- Glicosímetro;
- Relógio – para medir a frequência cardíaca;
- Oxímetro;
- Prontuários;
- Pulseiras ou etiquetas com as cores do protocolo Manchester.
Principais benefícios do uso do protocolo de Manchester
Após a implementação do Protocolo de Manchester, os serviços de saúde relatam maior agilidade e eficiência no atendimento ao paciente, com melhores desfechos clínicos, além de maior integração entre os diversos níveis do sistema de saúde e equipe, direcionando casos mais simples e os mais complexos para os serviços adequados, evitando a sobrecarga.
Entretanto, não é só isso!
O Protocolo de Manchester oferece várias vantagens para a instituição de saúde e para os pacientes. Veja a seguir quais são esses benefícios!
Organização adequada das prioridades
Na área da saúde, o tempo de espera pode ter grande impacto no prognóstico e minutos podem ser decisivos para esses pacientes.
O Protocolo de Manchester possibilita o estabelecimento de critérios mais inteligentes de priorização. Isso permite fornecer um atendimento adequado e preciso, atendendo às necessidades do público de acordo com as normas preestabelecidas e regulares da instituição de saúde
Padronização do atendimento
O Protocolo de Manchester padroniza os critérios para classificação do grau de urgência, permitindo oferecer tratamento adequado e coerente com a necessidade dos pacientes.
No entanto, uma vez que o protocolo de Manchester se baseia em uma rotina de fluxogramas específicos, os atendimentos seguem uma abordagem uniforme.
Redução dos óbitos
Em muitos casos, o tempo de resposta é essencial para salvar uma vida. Logo, ter um sistema que prioriza o atendimento de quadros graves é um dos fatores mais importantes para reduzir a ocorrência de óbitos.
Transparência
Com a etiqueta ou pulseira de classificação, o paciente pode ter uma boa noção de quanto tempo será necessário esperar para receber o atendimento.
Ao proporcionar isso, diminuímos a ansiedade e nervosismo do paciente, além de oferecer condições para que a pessoa se informe melhor sobre como a instituição gerenciará seu atendimento.
Evita a superlotação
Ao organizar os atendimentos seguindo os critérios de gravidade, as unidades de saúde podem encaminhar os casos menos urgentes para outras instituições. Isso evita que as salas de espera fiquem lotadas.
Mais segurança para o paciente
Com um critério de priorização de urgência bem objetivo, os pacientes estarão mais seguros.
Sendo assim, o protocolo de Manchester segue critérios específicos para a identificação de atendimento prioritário, portanto, os profissionais que realizam a triagem não dependem apenas da sua própria experiência, eles contam com um suporte seguro para basear suas decisões.
Leia sobre Segurança do Paciente: entenda o que é e 6 protocolos básicos que devem ser seguidos.
Conclusão
Com tudo que falamos ao longo desse artigo, fica fácil perceber como as unidades de saúde consideram o Protocolo de Manchester importante. Além disso, foi possível compreender sua fundamental contribuição para garantir a segurança necessária aos pacientes que buscam atendimento médico.
O Protocolo de Manchester estabelece-se como o método de triagem mais eficaz do mundo, possibilitando que a área assistencial da saúde realize atendimentos de maneira mais rápida e eficaz. Contudo, ele se adequa à real necessidade de cada paciente, oferecendo tratamento imparcial e justo a todos.
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