A evolução tecnológica tem gerado diversas transformações em todas as áreas, inclusive na medicina. Uma nova modalidade médica, a telemedicina, vem se tornando uma ferramenta fundamental na democratização da saúde, possibilitando o rompimento de fronteiras antes impensadas e redefinindo paradigmas.
A telemedicina é uma modalidade da medicina que permite ao médico realizar um diagnóstico prévio em casos em que o encontro físico seja impossibilitado, como:
- no atual contexto da pandemia;
- em situações em que há dificuldade de mobilidade do paciente;
- por doença crônica;
- idade avançada;
- casos em que a distância é um fator crítico.
Inicialmente, a telemedicina se baseava em interações entre médicos e pacientes possibilitada pelos recursos da tecnologia de informação e comunicação. Posteriormente, essa abordagem foi ampliada para suportar atividades de treinamento, consultoria, monitoramento e informação em saúde para equipes assistenciais multidisciplinares, ampliando seu escopo de atuação e sendo assim denominada telessaúde.
Oferecer acesso à assistência em saúde de qualidade nos recantos mais longínquos do país é um desafio histórico. A desigualdade de acesso a serviços de saúde é enorme! Segundo dados do estudo sobre a demografia médica no Brasil em 2020:
- Enquanto o país tem razão média de 2,27 médicos por mil habitantes, a região Norte tem taxa de 1,3, 43% menor que a razão média nacional, e a região Nordeste tem taxa de 1,69;
- No conjunto das capitais, há 5,65 médicos por mil habitantes, enquanto os habitantes do conjunto das cidades do interior contam com 1,49 médicos por mil habitantes.
Nesse contexto, a telemedicina vem possibilitar o acesso à saúde em regiões com escassez de oferta, democratizando o acesso da população à saúde de qualidade. Além disso, tem se apresentado como uma forte ferramenta no enfrentamento dos desafios contemporâneos dos sistemas de saúde, devido aos seus baixos custos e à sua amplitude de atuação.
A tecnologia tem papel fundamental nesse sentido, pois possibilita o exercício da prática médica com o apoio de outras ferramentas que aumentam seu alcance e sua abrangência. Inova-se ao dar possibilidades mais amplas para o exercício da profissão.
E a telerradiologia? Qual é o papel dela na democratização da saúde?
Um dos braços da telessaúde, já em prática no país desde o início do século XXI, é a telerradiologia. Desde a década de 90 essa tendência vem ganhando espaço, a ponto de hoje, nos Estados Unidos, ser adotada em mais da metade das instituições no país. No Brasil, a presença dessa modalidade em hospitais e clínicas vem crescendo e ganhando adeptos devido aos ganhos diretos e indiretos para pacientes e instituições de saúde.
A telerradiologia é uma das modalidades da telemedicina que tem como objetivo o uso das tecnologias dos meios de comunicação para realização de diagnósticos de exames de imagem à distância.
Seu funcionamento é muito simples:
- Os exames são realizados em qualquer lugar do país;
- Eles são enviados, via internet e criptografia de ponta a ponta, à uma central de telerradiologia;
- As imagens são analisadas por radiologistas, que emitem um parecer que tem a mesma validade e confiabilidade que um laudo emitido por um médico presente no local em que o exame foi realizado, devido a diversos protocolos que garantem ao radiologista remoto todas as informações necessárias para a sua devida avaliação;
- Os laudos prontos são enviados ao solicitante, cumprindo prazos pré-estabelecidos em contrato.
As implicações do processo são de grande impacto na ampliação de acesso aos serviços de diagnóstico de qualidade, que são exercidos por radiologistas subespecialistas de cada área, independente de sua presença física nas regiões onde os exames são realizados.
Distante dos grandes centros a oferta de subespecialistas é menor, o que faz com que exames específicos sejam, por vezes, laudados por radiologistas generalistas. A telerradiologia, nesse caso, aumenta a acuracidade dos laudos pois permite que, indiferente da localização, as pessoas tenham seus exames laudados por médicos subespecialistas.
Outro fator de destaque proporcionado pela telerradiologia é a agilidade na liberação dos laudos. É realidade em diversos hospitais e clínicas que o radiologista, além de ser responsável pela demanda de eletivos, urgências, emergências e pacientes internados, também presta apoio à equipe local, tendo sua produtividade reduzida e aumentando o prazo de entrega dos exames.
Nesse contexto, a telerradiologia oferece suporte ao médico local, sendo capaz de dar vazão à demanda excedente, garantindo o cumprimento dos prazos e contribuindo indiretamente para ampliação da capacidade de absorção do pronto atendimento e para melhoria da gestão de leitos, por possibilitar uma conduta médica mais ágil.
O aumento da taxa de giro de leitos é um dos indicadores com o qual a telerradiologia consegue contribuir substancialmente, favorecendo uma gestão hospitalar mais eficiente economicamente e proporcionando maior capacidade de atendimento.
Em diversas clínicas e hospitais do país, o uso da telerradiologia foi determinante para melhoria dos processos, agilidade na emissão de laudos e eficácia dos diagnósticos, mas cabe também ressaltar a contribuição dessa modalidade no equilíbrio financeiro das instituições que o adotam.
A modalidade possibilita hospitais a manterem suporte e laudos radiológicos 24 horas por dia, pagando apenas o valor dos laudos emitidos. Como resultado é possível obter melhor equilíbrio financeiro, maior agilidade na liberação de laudos e melhor prognóstico para os pacientes, o que demonstra o grande potencial da tecnologia em contribuir com a medicina.
Ainda no que tange os custos operacionais envolvidos no setor de radiologia, temos o fato de que no Brasil, aproximadamente 70% dos cidadãos não possuem planos, dependendo do SUS para acesso à saúde. O setor filantrópico é o maior parceiro do SUS no Brasil e representa, por exemplo, mais de 40% das internações feitas pelo Serviço Único de Saúde e se destaca em importância por:
- possuir cerca de um terço dos leitos existentes no país;
- apresentar rede capilarizada por todo território nacional;
- metade do seu parque constituir-se nos únicos hospitais dos seus municípios.
Nesse contexto, a telerradiologia, assim como os demais serviços da telessaúde, são fortes contribuintes para uma gestão financeira equilibrada, aliada à disponibilidade de serviços de qualidade aos pacientes, independentemente da região.
Outro ponto de destaque é o fato da telemedicina ser um forte aliado no enfrentamento às crises dos sistemas de saúde, como vivenciado na pandemia da COVID-19.
A telerradiologia, por exemplo, permite que profissionais de saúde em situação de quarentena prestem suporte e emitam laudos à distância, fator que também contribui para a redução da exposição desses profissionais, diretamente envolvidos nos cuidados, ao risco de infecção.
Concluindo…
A telessaúde e todas suas vertentes cumpre um papel extremamente relevante, que é o de possibilitar acesso, equidade e qualidade ao atendimento médico, mesmo diante dos impedimentos que possam existir.
Já a telerradiologia possibilita o crescimento das empresas na área da saúde, facilita a troca de conhecimentos, permite maior acesso aos especialistas, agiliza a comunicação interprofissional e garante a democratização da saúde.
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