Em ambientes cercados de periculosidade, como em serviços de radiologia, a biossegurança e o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) nos Centros de Diagnóstico por Imagem se faz extremamente necessário e trazem mais segurança para profissionais e pacientes.
A biossegurança tem um papel muito importante na vida do profissional da saúde e do paciente. Ela consiste em um conjunto de normas cujo objetivo é garantir a segurança do trabalhador, dos pacientes e do meio ambiente.
O entendimento das doenças causadas pelas condições de trabalho, especialmente nos serviços de radiodiagnóstico, resultou na criação de normas e regulamentações para a área da saúde.
Na prática, os profissionais aplicam uma série de princípios de biossegurança na radiologia com o objetivo de reduzir os riscos à saúde dos colaboradores e também dos pacientes no ambiente da área da saúde.
A exposição radiológica muitas vezes é silenciosa e negligenciada pelas instituições, porém, é um risco muito importante e danoso para o organismo a longo prazo, sendo importante os cuidados protetivos.
Neste conteúdo vamos te explicar sobre a importância da biossegurança nos serviços de radiologia diagnóstica. Continue a leitura e fique por dentro do assunto!
O que é a Biossegurança na Radiologia e a sua importância?
A biossegurança na radiologia envolve uma série de ações e procedimentos com o objetivo de prevenir, minimizar e eliminar os riscos associados à radiação, os quais podem comprometer a saúde dos colaboradores e dos pacientes.
A biossegurança na radiologia tem um papel de extrema importância na promoção da saúde.
Identificando os riscos no local de trabalho (biológicos, químicos ou físicos), é possível analisar as medidas de biossegurança apropriadas.
Nos serviços de radiologia, há uma preocupação contínua com a exposição à radiação ionizante, considerada risco físico de acordo com a Resolução – RDC Nº 330/2019 e a NR 32, que trata da segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde.
A prática da biossegurança na radiologia para clínicas e hospitais
Nos ambientes de diagnóstico por imagem, a Portaria Federal nº 453, de 02 de junho de 1998, regula o uso da radiação ionizante. Tal portaria define os requisitos mínimos da estrutura física do ambiente, bem como os princípios básicos de biossegurança a serem respeitados.
A estrutura física exige do CDI além da análise da planta baixa do ambiente pelos órgãos competentes, o levantamento radiométrico e o cálculo de blindagem do local.
As normatizações e resoluções dos órgãos de saúde preveem distância mínima recomendada entre aparelhos, paredes e uma série de medidas de segurança para profissionais, pacientes e até mesmo a vizinhança.
Em relação aos princípios básicos de biossegurança, os equipamentos radiológicos precisam de manutenção e inspeção rigorosas, com foco na quantidade de raios X emitidos para exames específicos. O uso de EPIs é obrigatório nesses locais.
A portaria também estabelece métodos de segurança para manusear, armazenar e descartar substâncias radiológicas, visando proteger o meio ambiente de forma eficiente e segura.
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) na Radiologia
Os equipamentos de segurança e proteção na radiologia agem como barreiras de contenção da radiação, visando à proteção tanto da equipe de saúde como também do paciente.
Por esse motivo, é indicado utilizar EPIs durante todo o atendimento aos pacientes na sala de exames de imagem que utilizam radiação, bem como enquanto o profissional estiver em seu local de trabalho.
Algumas áreas do corpo como o sistema reprodutor, medula óssea, olhos e tireoide são extremamente sensíveis à radiação, sendo necessário cuidado redobrado com essas regiões.
Portanto, os equipamentos de proteção utilizados visam proteger, principalmente, essas áreas do corpo humano citadas acima.
Abaixo, encontram-se os EPIs necessários em todo Centro de Imagem Radiológico.
Aventais plumbíferos:
Aventais de chumbo que tem como objetivo proteger as regiões torácica e abdominal.
Os pacientes utilizam-nos na sala de exame e durante a execução somente quando estão avaliando outra região alvo.
Protetor da tireóide:
Coloca-se na região do pescoço com o objetivo de proteger a glândula tireoide, que é altamente sensível à radiação.
Protetores de gônadas:
Os órgãos dos aparelhos reprodutores feminino e masculino também apresentam alta sensibilidade a radiações ionizantes. Por isso, é recomendável utilizar sempre que o uso não for interferir na qualidade do exame.
Óculos plumbíferos:
Garante perfeita visibilidade, além de proteção contra os riscos da radiação na região oftalmológica, pois a absorvem.
Os exames com contraste, que verificam a função de algum órgão, exige que o profissional fique junto ao paciente, devendo o mesmo estar usando avental de chumbo e óculos plumbíferos.
Dosímetros
Os profissionais que trabalham em ambientes de radiologia devem ser constantemente monitorados com dispositivos chamados de dosímetros.
Esse dispositivo é capaz de absorver a quantidade de radiação presente no local de trabalho e mensurar o nível de radiação a que o profissional foi exposto durante o periodo.
São de uso individual e exclusivo do local onde está cadastrado, tendo em vista que a radiação presente é diferente em cada centro de imagem.
Há dois tipos de dosímetros:
– Dosímetro de corpo inteiro: Deve-se usar o dosímetro de corpo inteiro na altura do tórax, sobre o avental plumbífero, porque a região corporal com maior índice de exposição é o tórax, tornando a aferição da dose eficaz.
– Dosímetro de extremidades: utilizado pelos profissionais que realizam os exames, ao manipularem os pacientes ou realizarem exames com radiofármacos.
Quais os riscos da falta de EPIs na radiologia?
Os efeitos das radiações não são imediatamente perceptíveis e sim cumulativos.
As principais alterações na saúde do trabalhador da saúde e do paciente, em decorrência da exposição à radiação sem o uso correto de EPIs, são:
- Efeitos a curto prazo – observados em horas, dias ou semanas após alta exposição à radiação:
Náuseas, vômitos, infecções, anemia, hemorragias, diarreia, desidratação e queda de cabelo;
- Efeitos a longo prazo – pequenas quantidades de radiação em um longo período de tempo.
Dermatites, catarata, infertilidade, mutações genéticas, malformação fetal, leucemia, câncer;
Na exposição contínua de profissionais à radiação, é importante considerar três principais fatores:
- Tempo de exposição:
Quanto maior o tempo de exposição, maiores serão os riscos à pessoa exposta.
Quem trabalha na área da radiologia costuma ter jornadas de trabalho mais reduzidas. As instituições de saúde devem controlar com rigor a duração da exposição dos profissionais à radiação.
- Distância da exposção:
Quanto maior é a distância entre a pessoa e a fonte de radiação, a dose de exposição de radiação diminui.
- Blindagem:
A blindagem com EPI’s é a principal maneira de proteger, reduzir e eliminar riscos de exposição à radiação.
Capacitação e treinamento obrigatório
O primeiro passo para garantir que todos os profissionais sejam informados dos riscos e perigos aos quais estão expostos é conscientizá-los sobre os protocolos utilizados na instituição.
Isso incentiva o cumprimento das medidas de biossegurança tanto pelos profissionais quanto na aplicação aos pacientes.
A NR 32, norma regulamentadora com diretrizes básicas de medidas de proteção para trabalhadores da área de saúde, determina que os empregados de um centro de radiologia devem receber um treinamento os riscos associados ao seu trabalho e as medidas de proteção radiológica, incluindo os protocolos de segurança e obrigações, como o uso dos EPIs.
Ainda de acordo, as instituições de serviço de radiologia devem implementar programas de treinamento anual com o objetivo de capacitar técnicos em radiologia e demais trabalhadores envolvidos nesse serviço sobre os seguintes tópicos:
- Utilizar corretamente os equipamentos e interpretar as tabelas de exposição, além de seguir as medidas em caso de acidentes.
- Normas sobre o uso de EPIs para si próprios, pacientes e acompanhantes;
- Procedimentos que visam a minimizar as exposições médicas e ocupacionais;
- O uso dos dosímetros individuais para monitoração dos níveis de radiação durante toda a jornada de trabalho;
- Dispositivos legais;
Praticar biossegurança na radiologia todos os dias
Como visto, o setor de radiodiagnóstico pode ocasionar riscos ocupacionais aos trabalhadores da área da saúde e aos pacientes.
É possível evitar tais exposições ao aplicar medidas de biossegurança, incluindo proteção radiológica, estrutura física do ambiente e capacitação dos trabalhadores.
Por essa razão, manter a equipe de saúde treinada e capacitada em relação às medidas de biossegurança na radiologia é de extrema importância. Promover palestras e desenvolver constantes treinamentos reforçam e incentivam as boas práticas de segurança radiológica por toda a equipe.
A biossegurança em radiologia deve ser um objetivo conjunto de diferentes envolvidos no processo, garantindo melhores condições de trabalho ao profissional e consequentemente mais qualidade no acesso aos serviços médicos para os pacientes.
É importante que as instituições de saúde e os colaboradores sigam as instruções dos órgãos de saúde, a fim de evitar doenças causadas pela exposição à radiação de forma indevida.
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